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18/07/2008

...

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração


Fernando Pessoa

5 comentários:

FATifer disse...

“Sinto pois por isso n me acho poeta, dizem que são fingidores.”

Tinha que ir buscar esta tua deixa… posso responder-te de várias formas…
Podia dizer que, não sendo poeta, escreves poemas da mesma forma que eu, não sendo jogador de futebol, marco golos ou não sendo fotografo tiro fotografias…
Podia dizer-te para leres bem este poema, de um dos mestres (que foi vários poetas) e veres que ele, embora dizendo que finge não diz que não sente… portanto não é por sentires que deixas de ser poeta! Já sei, vais dizer que eu senti (ou julgo que senti) o que tu sentiste ao escrever e isso não encaixa na “definição” do mestre mas, lá por ser mestre, não quer dizer que esteja sempre certo ;)

Tanta conversa para te dizer que, aches-te ou não poeta, consideres ou não o que escreves poemas… eu gosto do que escreves e por isso elogio! Porque gosto de tentar retribuir o que sinto quando leio a quem escreve…

Beijinhos,
FATifer

I.D.Pena disse...

Fatifer, é estranho sabes isso dos gostos e assim... as interpretações são sempre diferentes, confesso que nem todos pensam como tu, mas isso não me interessa que pensem todos igual , aliás, na verdade não estou aqui para agradar ninguém, mas olha , sabes, fico contente porque 'parece' que alguém me entende , e isso é o mais importante para mim.
A vida às vezes é complicada , ou às vezes complicamos a vida , não sei , só sei que me sinto bem ao exprimir o que sinto para algum lado, porque é terapeutico uma pessoa expressar-se, e por isso é que coloco aqui estas palermisses, lol .
E depois, neste mundo tão material, sinto necessidade de alcançar as coisas que não se conseguem apalpar mas que são tão reais que podem alterar um estado de espírito, por isso... desagrade a uns e/ou agrade a outros, não vou parar, só paro se deixar de existir.

Beijos

P.s ainda n comentei o teu poema 'Estar triste sem estar triste' porque não me tenho sentido capaz de explorar a tristeza, mas não esqueci...

FATifer disse...

Naturezas,

Estava a reler o meu texto e chamei-te duas vezes poeta… desculpa… devia ter escrito poetisa! ;)

Se tu te sentes bem a escrever e eu me sinto bem a ler-te acho que podemos continuar os dois por aqui. Sim, porque da forma como me tratas bem, não tenho razões para deixar de espreitar este teu espaço sempre que quero/posso.

Em relação ao teu PS, pelo que dizes direi então que espero que nunca chegues a comentar esse “poema” pois tal seria indicativo que a tristeza não te bateu à porta ;)

Beijinhos e bom fds,
FATifer

I.D.Pena disse...

Fatifer, obrigada , para ti tb , beijos.
;)

Afonso Sade disse...

Intemporal, esta é mesmo a definição mais lenitiva para qualquer poeta...

;)